A psiquiatria atual dispõe de recursos psicofarmacológicos que se fazem importantes para os sintomas psiquiátricos do sujeito contemporâneo. Cada vez mais temos sujeitos ansiosos, angustiados, com alto nível de estresse, numa época em que “tempo é dinheiro”, e onde as relações entre as pessoas tendem à virtualização, e muitas vezes vivencia-se um distanciamento afetivo e a solidão. Entretanto, para além desse manejo farmacológico no alívio dos sintomas, considero de extrema importância na prática clínica, a visão do sujeito que há por detrás dos sintomas que o enquadram num diagnóstico como a depressão, a síndrome do pânico, o transtorno afetivo bipolar, a esquizofrenia, dentre outros. Penso que a única forma de se fazer Clínica, no sentido mais rigoroso do termo, é escutando o sujeito que se apresenta a mim, atenta ao que há de particular em cada paciente que me procura. A mim importa o singular da sua história de vida, seus sofrimentos, desejos, anseios e ideais, que estão cada dia mais à mercê das expectativas sociais que não cessam de crescer, assim como seus impasses e temores de fracasso. Caso essa escuta do paciente não aconteça, corre-se o risco de hipermedicar estes, e ainda assim, não trazer alívio ao sofrimento. Acredito, portanto, na leitura desse conjunto complexo integrado da pessoa em sofrimento, e na articulação dos saberes psiquiátrico e psicanalítico como ferramentas de trabalho, Onde meu foco e orientação de tratamento é a pessoa, para além da doença. Usando a escuta orientada pela psicanálise, ajudo no encontro do sujeito com sua essência e na construção de caminhos mais possíveis de se ser feliz, com o que se é e que se constrói a cada dia.